E d u c A ç ã o

31/10/2009

Professores, desencanto e abandono…

Filed under: Educação — jspimenta @ 19:16

segunda-feira, 19/10.

Nesta semana estive lendo o artigo científico intitulado “Professores,
desencanto com a profissão e abandono do magistério” de autoria das
pesquisadoras Flavinês Rebolo Lapo e Belmira Oliveira Bueno, da USP. O Artigo retrata a assustadora realidade do abandono do magistério público no estado de São Paulo, bem como os motivos e conflitos que envolvem essa decisão. Importante ler.

Importante ler, pois no Estado do Rio a situação não é diferente,
possivelmente até pior. Essa semana conto como mais um que decidiu
abandonar a rede estadual de ensino do Rio de Janeiro. Hoje,
considerados os descontos, um professor recebe líquido 540, 47 reais
por mês. Deste valor ainda precisa ser descontado os gastos com
passagem e alimentação. Sobra quanto?  Uma bolsa de iniciação
científica do CNPq para um estudante de graduação, hoje, é quase o
mesmo valor. Mas não é apenas a questão salarial, são as condições de trabalho, assim como a ausência de espaços reflexivos e de real e
efetiva participação do professor.

Predomina por parte da Secretaria de Educação uma visão claramente
administrativa e que enxerga a escola como uma empresa. Uma
perspectiva demasiadamente burocrata, onde a discussão sobre educação passa longe, assim como a discussão sobre as condições de trabalho do
professor. Basta constatar o artigo de nossa Secretária de educação
publicado no “caderno opinião” do “Jornal O Globo” da última
segunda-feira, dia 19 de outubro. A Secretária inicia o texto
afirmando que “grandes empresas têm investido na inovação de processos
como forma de agregar valor a seus produtos. Na administração pública,
essa lógica não pode ser diferente”. Desconsiderando o grande equívoco
de transpor uma lógica estritamente empresarial para a esfera da
gestão em educação, a Secretária esqueceu-se de comentar que grandes
empresas remuneram muito bem seus funcionários. O que não é o caso na
rede estadual de educação.

Portando um discurso da inovação e modernização da gestão escolar a
partir do uso das novas tecnologias, o artigo comunica que se trata de
uma “revolução silenciosa” esta que está acontecendo no sistema
educacional do Estado do Rio. Só consigo compreender o sentido deste
“silêncio” na constatação da ausência de debates, reflexões, diálogo e
efetiva participação de professores, alunos e sociedade neste
processo. Quando foi que nos convidaram para esta conversa? Este é o
silêncio possível de ver e escutar: as vozes silenciadas de
professores, alunos e sociedade. Por este motivo sim, a revolução
empresarial que está sendo conduzida é realmente silenciosa.

A postura pedagógica de um professor-pesquisador, atuante, curioso,
investigativo, criativo, reflexivo e tantas outras qualidades que
fundamentaram nossa formação e que garantiriam um ensino público de
qualidade, são praticamente impedidas de serem realizadas. Eu, como
muitos já fizeram e estão fazendo, estou pedindo exoneração da rede
estadual de ensino do Rio de Janeiro. E não são poucos. Todos jovens,
recém formados, inteligentes, sagazes, altruístas, compromissados,
sérios e dispostos com trabalho. Depois não entendemos porque as
coisas estão como estão nessa cidade. Todos pagamos o preço. A questão
é social, diz respeito a todos.

Pedro Quental

Islã: esse desconhecido

Filed under: Islamismo — jspimenta @ 19:05

2009-10-29São tempos difíceis os que vivemos hoje no mundo. Difíceis não só em termos econômicos, mas vivemos tempos de intolerância e discriminação. Agora há pouco, uma Conferência das Nações Unidas para discutir o tema do racismo foi previamente boicotada por dez países, entre eles os Estados Unidos, que têm pela primeira vez um negro de pai muçulmano na sua presidência.
O mercado editorial brasileiro, nem de longe, reflete a pujança e a força da comunidade árabe existente no Brasil. Dados de censos passados afirmam existir no país, desde a primeira geração de migrantes ainda vivo até seus filhos e neto, algo em torno 13 milhões de brasileiros – ou ainda mais – aqui nascidos ou naturalizados e emigrados, que possuem um dos seus sobrenomes árabes (em torno de 8% da população). É mais do que o triplo da população do Líbano.
Existem muitas definições sobre o significado do que vem a ser “árabe”. A que mais gosto é uma que fala em pessoa nascida ou não em país árabe, mas que preza e cultua o que foi a grande civilização árabe-muçulmana, de seus feitos e realizações, criada a partir do século VII, fundada por Muhammad, mais conhecido o Ocidente por Maomé.
Talvez considerando esse passado glorioso e a imensa lacuna editorial é que os brasileiros poderão agora ter acesso ao livro Islã: esse desconhecido. Escrito pelo sociólogo, advogado e procurador de justiça aposentado, Samuel Salinas, essa obra tem tudo para vir a ser uma obra de referência. Ela resgata os valores, a cultura, a ciência de uma das mais adiantadas civilizações que já existiram em nosso planeta. Como disseram de formas distintas e em momentos diferentes, o vigoroso historiador inglês Arnold Toynbee e o sociólogo e médico francês Dr. Gustave Le Bon, não há que se falar bem de nenhum império. Eles sempre ocupam povos e territórios, tentam impor suas culturas e suas línguas. Mas, se pudéssemos tentar achar o menos ruim de todos eles, seguramente este seria o império árabe-muçulmano.
A chamada “Era Bush” chegou ao fim em 20 de janeiro deste ano. No momento em que escrevemos este prefácio, o novo presidente Barak Hussein Obama – que tomou medidas positivas e interessantes em várias áreas – ainda não mostrou a que veio com relação ao Oriente Médio, onde moram, nos 23 países árabes – considerando a Palestina que inexiste ainda no mapa – quase 400 milhões de árabe, dos quais mais de 90% são muçulmanos.
A mídia como um todo e mesmo a indústria cultural e cinematográfica ainda vê com um imenso preconceito e de forma estigmatizada, não só os árabes em geral, como os muçulmanos em particular. Nomes de origem árabe e islâmica, feições e traços árabes e orientais muitas vezes são suficientes para revistas em aeroportos, alfândegas, sujeitam cidadãos de várias partes do mundo a humilhações e embaraços.
Este livro procura resgatar, em linguagem simples e acessível ao público leigo, o que significou para a humanidade, em diversos campos do saber, o Império árabe-muçulmano. Não falará apenas de religião em si, mas da cultura, da ciência em seus vários aspectos. Abordará a sociedade e as relações humanas. Senão vejamos.
 

A estrutura da obra

 Islã: esse desconhecido é fruto de imensa pesquisa bibliográfica realizada pelo autor. Percebe-se isso no capítulo bibliografia, onde 183 livros de 150 autores, nas línguas francesa, inglesa, espanhola e italiana – além do português, claro – foram consultados para a redação final do texto. Tal bibliografia de referência pode ajudar, inclusive, estudiosos e pesquisadores do mundo árabe.
Um dos capítulos finais do livro é o da Cronologia. Iniciada em 570 (sempre na datação ocidental e cristã), com o nascimento do profeta Maomé, a cronologia prossegue até 1492, data de referência como sendo da queda do Califado de Granada na Espanha, ou seja, a vitória final dos reis católicos na expulsão da presença islâmica (e judaica) na península Ibérica. Por coincidência, ano da conquista da América e do início da colonização do continente americano.
Um dos capítulos finais, quase que uma prestação de serviços aos leitores interessados no mundo árabe e muçulmano, é o chamado Glossário. Foram selecionados 173 verbetes que nos são apresentados, de forma resumida, explicando o seu significado. Quase que uma cartilha, um livro dentro de outro livro. Não temos traduções da Enciclopédia do Islã, de Oxford (em inglês), mas Samuel Salinas nos favorece com esse glossário extremamente útil.
Há seis grandes blocos de ideias no livro, que nos dão uma noção básica do conjunto da obra. São os seguintes:
1. Árabes antes do Islã – aqui é feito uma descrição histórica de como era a Península Arábica antes do ano de 622, quando se inicia a chamada Hégira, quando Maomé deixa a sua cidade natal, Meca, e parte em uma espécie de exílio em Medina e lá fica por dez anos (antes chamada Yathrib). Lembremo-nos que as primeiras revelações do Profeta ocorrem em 610, quando este tinha por volta de 40 anos.
Quem são os árabes é uma parte importante desse capítulo. Claro que o capítulo é centrado na história de vida do Profeta Maomé, sua tribo (dos coraixitas), as primeiras revelações vindas do anjo Gabriel, os seus primeiros seguidores. Há que se destacar o cuidado do Islã em proteger na sua religião, os seguidores do “livro”, ou seja, também os judeus e os cristão eram protegidos no Islã e no império que foi erguido em seu nome.
Aqui se destaca um estudo bastante referenciado sobre o significado da religião, visto pelos olhos de um estudioso, pesquisador, um sociólogos e advogado, ou seja, um intelectual com outra formação e outra influência religiosa, mas com um espírito científico dos mais aguçados. O significado histórico e o momento em que o Islã aparece esta bem caracterizado. A visão é equilibrada e justa para com essa religião. Chega-se a afirmar a existência de um “socialismo ético” no Islã. As características da religião, seus preceitos, obrigações e sua vinculação com a vida política são bem descritas.
2. A Conquista Islâmica – aqui é descrito a expansão do Islã. Maomé, um grande reformador social, homem de ideias avançadas para a sua época, chefiou pessoalmente nos primeiros dez anos, até sua morte em 632, os avanços da construção do futuro império islâmico e sua expansão religiosa. Apesar dos preconceitos e dos estigmas que sabemos existe na mídia, o Islã tem sido talvez a religião mais tolerante de todas as existentes na história da humanidade.
Neste capítulo estão descritos todas as dinastias, a expansão, as conquistas dos países próximos. Primeiro, aparece o domínio árabe no comando do Império e depois dos otomanos a partir da queda de Constantinopla em 1453.
3. O Império Islâmico e a Criação do Estado – aqui são tratados temas como o monoteísmo, sendo o Islã a terceira religião monoteísta no mundo e uma espécie de última religião considerada “revelada” por Deus aos seres humanos por um emissário (aqui interessante destacar o papel do Anjo Gabriel, o mesmo que teria aparecido para Abraão, depois a Maria anunciando que seria mãe e ditou para Maomé todos os capítulos e versículos do livro sagrado dos muçulmano, o Corão).
Os temas são amplos e diversificados neste capítulo. Trata da administração do império, da estruturação do Califado, das diversas correntes do Islã, das dinastias e seus governos, dos mongois, dos otomanos, dos mamelucos. Apresenta-nos a burocracia, a economia, a moeda e o direito. Por ter uma sólida formação jurídica, Samuel Salinas faz profundo estudo sobre o direito islâmico.
Nesse assunto, menciona as diversas categorias legais, fala do direito e a escravidão (o Islã foi a primeira religião a condenar a escravidão no mundo); aborda o direito internacional e os seus vários ramos. Trata em especial do direito de propriedade, a estruturação da justiça, as várias escolas do direito, como a justiça é administrada. Não conhecemos, no Brasil, livro específico que trata, com esta profundidade, essa temática do direito islâmico.
4. O Milagre Árabe – a frase com que este capítulo se inicia é fantástica: “uma hora de aprendizado vale mais do que um ano de preces”. Acrescenta a isso uma passagem do Corão que menciona “buscai o conhecimento (e a ciência) até na China, se necessário”. Sempre uso essa frase corânica em palestras e escritos, para demonstrar uma profunda mudança de conteúdo, de estilo, da forma de encarar o mundo entre o cristianismo e o islamismo. O Islã aparece como uma religião que preza e valoriza o conhecimento e a ciência.
Por isso neste capítulo – dos melhores do livro – são tratados de uma ampla gama de áreas da ciência. Entre elas, a lógica, a ótica, a fisiologia, a anatomia, a matemática, o sistema decimal, a física, a astronomia, a alquimia e a química. Especial destaque é dado à medicina e aos grandes mestres médicos árabes e muçulmanos, como Ibn Sina, conhecido no Ocidente como Avicena. Registra a fundação dos primeiros hospitais, realça a questão da higiene pública (há um preceito corânico que menciona “a limpeza é um ato de fé”); sabe-se que algumas cidades, como Bagdá, chegaram a ter seis mil banhos públicos. Fala ainda da farmacologia árabe, dos remédios, da fitoterapia, da criação das primeiras farmácias.
Por fim, trata ainda da geografia e história árabe, da literatura, da arquitetura, da literatura e educação (bem como pedagogia), além d agronomia. Por ser sociólogo, Samuel dá tratamento especial à Sociologia e escolhe para isso uma espécie de fundador da Sociologia árabe, Ibn Khaldun, que, entre outras obras, nos deixou Os Prolegômenos – Uma Introdução à História Universal (em árabe, El Mukhadima).
Aqui se faz uma discussão, que vem sendo feita há décadas na Europa e no mundo acadêmico. Foram os árabes produtores e conhecimento e ciência ou simples tradutores e transmissores desses conhecimentos? Vários autores são citados para defender a tese clara de que foram sim os árabes produtores originais de conhecimento e de ciência, em muitos campos do saber. Ainda que – ninguém nega isso – foram também excelentes tradutores em várias escolas e preservaram muito da ciência e da filosofia antiga, em especial dos gregos. Mesmo se só isso tivessem feito, muitos dos conhecimentos da sociedade helenística clássica só conseguiram nos chegar às mãos pelas traduções árabes, da escola da Sicília, do Sul da Itália entre outras.
5. Cruzadas – apesar de ser um livro sobre o Islã e sobre árabes, Salinas dedica um extenso capítulo sobre esse movimento religioso (ou teria sido apenas de peregrinações?), que tomou forma do que a história veio a chamar de Cruzadas. O livro nos brinda com uma cronologia específica sobre as Cruzadas.
A partir dessas datas, de forma resumida, é que vemos que as Cruzadas – todas as oito que foram classificadas pelos historiadores – têm início da partir de um discurso do papa Urbano VII, na cidade de Clermont, na França, quando este conclama a formação de um exército de cristão para “retomar a terra santa das mãos dos infieis”, em uma alusão aos muçulmanos. Enquanto a Europa se debatia em trevas, queimava livros e prendia e queimava vivo intelectuais e cientistas, todo o Oriente Médio preservava as maiores bibliotecas que a humanidade havia conhecido. A de Bagdá, no século XI, tinha mais de 600 mil volumes. Era o período das luzes do Islã e seu magnífico império.
As Cruzadas iniciam-se em 1095, com o discurso de Urbano VII, mas a primeira só sai em direção ao Oriente Médio em 1099. Elas terminam em 1291, depois de 196 anos e milhões de mortes, massacres, perseguições. Nesse ano, ocorre a queda de Acre e os cristãos são completamente expulsos do Oriente Médio. A tomada de Jerusalém ocorre em 15 de julho de 1099 e este ano completa 910 anos da sua ocupação pelos cruzados, que lá estabelecem o Reino de Jerusalém. Não só muçulmanos e judeus são mortos, mas até cristãos. Um banho de sangue. Ficam na cidade apenas por 88 anos, quando esta é retomada pelo grande general muçulmano Saláh El Din, conhecido no Ocidente como Saladino (ano de 1187). Trípoli e Beirute foram tomadas há exatos 900 anos.
O capítulo aborda ainda as ordens militares formadas à época e seu grande poder (templários, hospitalários, cavaleiros teutônicos entre outras). Analisa o Islã depois dessas cruzadas. Aborda a questão do anti-semitismo e da intolerância religiosa, a marca dos cristãos, completamente diferente os muçulmanos. Por fim, fechando o capítulo, como se um Box fosse introduzido, fala do Islã em terras brasileiras, com a vinda dos escravos africanos já islamizados. Especial destaque é dada à Revolta dos Malês.
Uma carta do conde Joseph Arthur de Gobineau, o polêmico estudioso sobre as desigualdades das raças humanas (como se houvesse mais do que uma), trazida à luz por Salinas com base em suas pesquisas, nos revela a descrição da superioridade dos negros conversos ao Islã, sua sagacidade, seu domínio da língua árabe, sua forma de se comportar e até das suas lutas pela sua libertação. Livro escrito por George Bordokan, A incrível história do Capitão Mouro, mostra-nos que o braço direito (ou seria esquerdo?) de ninguém menos que Zumbi dos Palmares, era um muçulmano e grande estrategista militar, responsável pela resistência por décadas desse Quilombo dos Palmares. Chamava-se Ali Saifudin.
6. A Espanha Muçulmana – o fecho dos capítulos é feito com história da presença por quase 700 anos dos muçulmanos na Espanha. Há uma pormenorizada descrição de como se deu essa ocupação, as culturas que se miscigenaram (judaica, cristão e islâmica), a forma da conquista, a produção industrial e o desenvolvimento da região. No capítulo são tratados de temas como o comércio, a administração, analisando inclusive a composição social da população, a vida urbana. Ao final a reconquista, retomada e a posterior invasão da América.
 

Um livro valioso

Se a parte da população brasileira que tem origem no mundo árabe é relativamente grande e influenciou e ainda influencia a nossa cultura, nossos costumes, nossa língua e literatura, nossa culinária, em contrapartida o Islã segue ainda muito desconhecido. Não apenas desconhecido. Segue ainda até discriminado.
Este livro recoloca as coisas em seus devidos lugares. Sem usar uma linguagem erudita, este advogado e sociólogo traz para o grande público – mas também para especialistas – uma obra que nos faltava. Supre uma lacuna que existia. É profundamente esclarecedor, elucida fatos, descreve minúcias de acontecimentos e fatos históricos, muitas vezes despercebidos pela maioria das pessoas.
Nada nesta obra é lugar comum. Ao contrário. Mesmo para muitos especialistas e estudiosos dessa região do mundo – estratégica diga-se de passagem – uma gama imensa de novos conhecimentos são trazidos á luz.
Uma leitura atenta ao Islã: esse desconhecido, nos ajudará a fazer justiça a uma das mais ricas e próspera – se não a mais próspera – de todas as civilizações e de todos os impérios que a humanidade conheceu em sua trajetória. Colocar luz sobre o povo árabe – 400 milhões de pessoas – e sobre a religião islâmica – mais de 1,3 bilhão de pessoas – e dar a sua contribuição para a paz em um mundo ainda cheio de guerras e de injustiças.
Da nossa parte, temos que agradecer ao amigo e colega Samuel Sérgio Salinas por nos trazer mais essa luz.
 
Editora Anita Garibaldi:
http://www.anitagaribaldi.com.br/loja/detalhes.asp?codigo_produto=354&codigo_categoria=1
 

Prof. Lejeune Mirhan
Sociólogo e Arabista
Outono de 2009

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